domingo, 9 de novembro de 2008

O alcance da reivindicação

Muro da FCSH da UNL.

O comedimento desta frase - que, longe de pôr em causa a sociedade capitalista e condenar os seus alicerces (exigindo o fim do sistema de classes), propõe até uma solução para um problema por esta provocado - contrasta com a assinatura do mural, por parte de um grupo que se auto-denomina anarquista.

Recordo então, o final de Os Anarquistas de Casas Viejas , de J.R. Mintz, onde o autor cita Pepe Pareja (camponês andaluz):

(...)Estava um camponês a podar activamente alguns ramos maduros e a cortar os frutos. Outro trabalhador que por ali passava perguntou-lhe: "Porque estás a fazer uma poda tão radical?"

O primeiro camponês respondeu: "[Porque] todos os frutos desta árvore se perdem!".

Disse [então] o segundo: "o fruto não se perde pelos ramos, mas sim pela raiz. É aí que deves aplicar o teu machado"

O camponês seguiu o conselho, cavou o solo e descobriu muitas lagartas nas raízes.

Desde há cinquenta anos que vimos podando os ramos da árvore social, cujos frutos crescem envenenados, e não obtivemos qualquer melhoria. Pelo contrário: todas as primaveras vemos a árvore amarelecer no momento em que os frutos estão prontos a brotar. E não é por falta de diligência nossa! Inventamos, a cada hora, novos instrumentos e novos produtos para tratar a doença, mas sem algum resultado. Estamos a trabalhar para construir um mundo melhor. Temos pensões, casas baratas, salários ajustados ao tamanho da família, mas tudo isto é em vão, [tudo isto] é vazio. Podamos os ramos quando o problema está na raíz.

1 comentário:

Anónimo disse...

Conheces o conceito leninista de «propaganda concreta», para estares a falar?