sábado, 31 de maio de 2008

Já abriu a 78º Feira do Livro de Lisboa.

Para possíveis interessados no Enigma da Praia da Luz da Guerra e Paz, no Segredos da alma – escada para a felicidade das publicações Europa-América ou no Manual Enciclopédico de Feng Shui da Editorial Estampa, eis o momento ideal para começar o enxoval, enquanto percorre o Parque Eduardo VII com um delicioso churro de chocolate acabadinho de fazer. Avisam-se os possíveis interessados que na Oficina do Livro qualquer compra dá direito a um pacote de pipocas e que na Editorial Presença cada euro gasto equivale a uma raspadinha com variados prémios a sorteio.

Se tiver a infeliz ideia de passar pela engolidora de editoras Leya contente-se com os manuais de auto-ajuda ou terá grandes desilusões. Quando lhe perguntarem se o Lugares de Aqui é um livro de poesia diga que sim, ou ao pronunciar a palavra "antropologia" será surpreendido com um “fiquei na mesma”.

Pergunto-me se os critérios de selecção dos funcionários da Leya se assemelham aos do fast-food ou se é mais estilo callcenter.

sábado, 17 de maio de 2008

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Play it, Sam

Humphrey Bogart e Ingrid Bergman numa historieta de amor e desencontros com um cenário exótico em pano de fundo. Mais o bónus de combaterem os nazis. Como é que é possível não idolatrar este filme?
Amanhã na Cinemateca, às 15h30

terça-feira, 6 de maio de 2008

A Importância de se chamar Lésbica

Não posso deixar de (sor)rir quando penso no Sr. Dimitris, o Lésbico... Recebido via Panteras Rosa e publicado no DN de hoje

Safo já morreu há mais de dois mil anos, mas a culpa é toda dela. Se esta poetisa grega não tivesse fama de se apaixonar por outras mulheres, nunca Lesbos teria ganho destaque entre as mais de mil ilhas do Egeu. E lésbica não se teria tornado a palavra que a maioria das línguas europeias utiliza para designar as mulheres que se sentem atraídas pelo mesmo sexo. Para quem tem alguma noção de genealogia, não será de todo impossível imaginar que Dimitris Lambrou, um lésbico que iniciou agora uma cruzada contra o uso abusivo do gentílico da sua ilha, até descenda de Safo (a poetisa parece que chegou a casar-se e a ter uma filha). Mas dificilmente a antepassada remota aprovaria a sua luta: exigir que as associações de homossexuais deixem de usar a palavra lésbica é tão absurdo como inalcançável. Não se trata da apropriação de um termo por uma minoria, mas sim de uma palavra reconhecida em qualquer dicionário. Por exemplo, o Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa não hesita em avançar com as duas acepções de lésbica: habitante da ilha de Lesbos; mulher que sente atracção por pessoa do mesmo sexo. É duvidoso que Lambrou imponha uma edição revista da obra do linguista brasileiro. Com os seus cem mil habitantes e um tamanho semelhante ao de duas ilhas da Madeira somadas, Lesbos é um daqueles postais de férias, com o azul do mar a contrastar com o branco das casas gregas. E muitos turistas seduzidos pela beleza do Egeu escolhem-na exactamente pela graça do nome e pela fama de Safo. Por isso, Lambrou e todos aqueles que o apoiam, invocando estarem fartos de serem gozados quando assumem a sua origem, estão a atentar contra um dos trunfos turísticos da sua terra.

... continua...