segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Todo o frenesim em que tenho andado com os textos do Gellner, do Hobsbawm ou do Anderson, foi hoje parcialmente minimizado por uma sessão de Eisenstein. Não sendo este o melhor momento, mas já completamente farta de fronteiras e identidades nacionais, precisei de umas passas do Outubro para curar o vício.

Eisenstein é o primeiro grande teórico da montagem, utilizando-a, como refere Paulo Viveiros (A imagem do cinema), para além da estética, numa atitude política deliberada. O efeito de choque entre os planos, em dissidência com as formas anteriores de Méliès ou mesmo Grifith, tem a dialética marxista como base – “Tudo o que nos rodeia no mundo seria o resultado de um choque de elementos opostos” (Viveiros, 2005).

No entanto, os sucessivos clímaxes durante os filmes, no seu quê de múltiplos orgasmos, assemelham-se às viagens por Itália, onde começamos maravilhados com o museu do Vaticano, passamos por Santa Maria Novella e acabamos a dizer “o quê, só isto?” em San Miniato al Monte. Outubro é para mim o paradigma da visita apressada e compulsiva às igrejas italianas – a constante intensidade sugerida torna-se exaustiva, minimizando sucessivamente o impacto de cada situação.

Mas há uma inegável mestria de Eisenstien. Quem consegue esquecer o padre do Couraçado?

Sem comentários: